quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

5. Primeira lição básica: Coisas demais!



O segundo dia começou bem. Acordei bem antes que meu despertador. Aproveitei que a calefação estava ligada e sequei o pouco que ainda estava molhado.
Tudo pronto. Pontualmente, às oito horas saí e logo vi que não estaria só. Vários peregrinos saiam no mesmo horário e todos também pareciam muito motivados.
Um pouco de dor nos ombros, na perna esquerda, mas logo que fiquei aquecido, passou.
Café da manhã é uma coisa que normalmente se toma pelo caminho, mas confesso que senti falta daquele verdadeiro pãozinho francês de ontem, mas de qualquer modo, o café com leite estava bem quente e saboroso.
Em poucos minutos, encontrei dois caminhantes, e dali em diante seguimos juntos rumo a Larrasoaña.
Francisco era espanhol de Almería no Mediterrâneo, e Andrea era um típico italiano de uma cidade próxima a Padova.
Havia outros: da Alemanha, do Canadá, e mesmo de Barcelona. Havia um cabeludo com pinta de artista exótico, e muitos outros tipos. Caminhamos vinte e sete quilômetros pelos bosques e campos da Navarra. Muitas fotos e alguns belos monumentos medievais. Passamos por uma ponte em Zubiris (Ponte Rábia), sobre a qual há uma lenda: todo animal raivoso que dá três voltas nessa ponte, se cura. Pois é. Será mesmo verdade? Creio que nunca saberei.
Terminamos esse longo dia completamente mortos de cansaço.
Tudo doí, mas estamos felizes por saber que amanhã chegaremos a Pamplona. Uma cidade grande com muitas atrações e opções.
Creio que aproveitarei para enviar algumas coisas para Santiago, pois sinto que essa ação é realmente necessária.
Estou com uns quinze quilos nessa mochila, que no final das contas é a minha casa. Sinto-me como um caracol cansado. Se não reduzir minha carga, as coisas ficarão muito difíceis mais à frente.
Mais um detalhe, amanhã espero já ter o meu cajado, algo que Francisco já tem e que chama carinhosamente de “mi bastón”.
Ah! Ia me esquecendo, pela primeira vez estou em um Albergue, ou “refúgio” como falam aqui. Um quarto com muitas camas beliche. Tudo limpinho e com uma recepção muito simpática do Sr. Santiago.
Enfim, uma situação nova, mas adequada e esperada para esse meu desafio. Faz falta uma maior privacidade, mas sobra a agradável convivência com pessoas alegres e abertas a um bom papo.
Fomos jantar em um pequeno bar, e a comida simples nos ajudou a recompor as energias. O proprietário nos contou ser um parente distante da famosa cantora brasileira Ivete Sangalo. Alguém a conhece?
Apesar de termos andando tanto, fizemos uma leve caminhada de alguns quilômetros para uma boa digestão. Haja disposição!

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