terça-feira, 5 de janeiro de 2010

27. Melide e Arzúa


Embora ainda fosse muito cedo, havia grande movimento no bar onde tomei meu café da manhã.
Eu tentava pagar, mas o rapaz que atendia aos fregueses estava perdido ao som de tantas vozes que o chamavam, e não conseguia fechar a minha conta. Assim, atrasei o reinício da caminhada até que, finalmente, pus os pés na estrada.
Hoje, andei sozinho por bastante tempo. Eu e meu novo chapéu. Aliás, decorei esse novo chapéu com diversos “pins”, e fiquei muito parecido com um escoteiro.
Após alguns auto-retratos, resolvi tirá-los todos para não chamar ainda mais a atenção dos transeuntes que me encontravam.
Há um grupo familiar formado por um senhor idoso, seu sobrinho e o filho deste, que são muito divertidos, e tem me acompanhado nos últimos dias.
Brincam com tudo. Inicialmente, minha impressão sobre eles não era muito boa, mas depois mudei minha opinião.
Cheguei finalmente a Melide e, conforme planejado, entrei no Restaurante do Ezequiel. E querem saber? Trata-se de um lugar realmente inesquecível para qualquer peregrino do Caminho de Santiago.
Comi “Pulpo a galega” pela terceira vez, só que dessa vez foi um deleite. Se algum dia, o leitor passar por perto, não perca isso de forma alguma.
Para uma boa digestão, andei a tarde toda, sempre acompanhado de meus pensamentos e de minha fé. O tempo estava bom, com sol o tempo todo, e enfim, eu poderia andar até mais que os quase trinta quilômetros que andei hoje.
Ao chegar a Arzúa, fui ver um local para passar a noite, mas o quarto era tão ruim que virei as costas e fui embora. Depois, mesmo cansado e com vontade de chegar logo, voltei novamente à entrada da cidade, onde encontrei um local bem melhor. E aqui estou. Acho que estou ficando exigente demais. Tomara que isso passe.
Amanhã, é a véspera da chegada a Santiago de Compostela, e a sensação se torna cada vez melhor.
Estarei num povoado que se chama Arca, e aí será necessário dormir somente mais uma noite, e partir para a chegada à Catedral.
Bons sonhos! Eu, certamente, os terei.

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