quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
18. Burgos, final da primeira etapa
Quando olhei no relógio é que percebi o quanto havia acordado demasiadamente antes do previsto, como que prevendo as dificuldades que iria encontrar nesse dia.
O dia amanheceu frio. Muito mais frio do que eu poderia prever. Ainda mais porque chovia, e o vento parecia igual ao dia em que enfrentei a subida dos Pirineus.
Me preparei com todos os recursos que estavam disponíveis na minha mochila, e por volta das sete horas da manhã, pela primeira vez tão cedo, saímos andando em meio à escuridão, somente guiados pela luz da minha pequena lanterna. Andamos sem rumo por quase uma longa hora. Tenho dúvidas se em muitos momentos não estávamos andando em círculos, mas uma coisa eu aprendi para o resto do caminho: nunca sairei antes do dia clarear.
Sim, poderei abrir uma exceção especial se a luz de uma linda lua ainda estiver lá no céu.
Mas voltando à aventura, depois de estarmos perdidos e nos encontrarmos novamente, tomamos o rumo em direção a Burgos.
O caminho de chegada a essa grande cidade parecia interminável.
Meu objetivo era chegar, carimbar minha credencial, e ir diretamente à estação para tomar um trem com horário definido rumo a Astorga. Será que daria tempo?
Felizmente, deu tempo! Tendões esgotados e tremendamente sensíveis, todo ensopado pela chuva, mas com meu novo cajado, senti a sensação agradável de etapa cumprida quando finalmente chegamos.
Estou escrevendo enquanto viajo neste trem que cruza o norte da Espanha e que me leva para Astorga.
Hoje, me despedi de Francisco e Glória. Eu sigo sem eles, e considero que esse tempo medido em trezentos e trinta quilômetros, deu-me a chance de conhecê-los melhor, e aprender muito com cada um deles.
Eles foram como guias para mim até agora, e espero que sigam bem, e que tenham um bom Caminho na frente de suas vidas.
Como é mesmo que se fala por aqui?
_ "Buen Camino Compañeros Peregrinos!"
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