quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
11. Los Arcos
Meu Deus! Que igreja linda!
Deslumbrante! E com uma explicação detalhada do pároco, só me restava mesmo segurar meu queixo para que não caísse.
Altares barrocos talhados com múltiplas imagens. A Virgem de los Arcos no centro do altar com doze apóstolos em estátuas até o teto. O apóstolo João, sempre muito jovem, e sempre gerando alguns comentários ambíguos. Uma Santa Ceia com perspectiva diferenciada, incluindo o jovem apóstolo com essa mesma característica. Um claustro com pedras nomeadas ao chão, indicando túmulos seculares.
Até aqui, essa etapa até foi talvez uma das mais difíceis. Com meus tendões inchados, acabei fazendo o percurso numa velocidade bem mais baixa que meus companheiros.
Pela manhã, tive que esperar a abertura do Correio, pois havia mais uma remessa de objetos não tão úteis e pesados que decidi enviar a Santiago. Tentei caminhar com minhas botas, pois a chuva caía de modo insistente, e isso me atrasou ainda mais.
Mas tudo isso não diminuiu nem um pouco a emoção de cada trecho.
Passar em frente a uma vinícola à beira do caminho(www.irache.com)) e poder tomar vinho no meu próprio cantil a vontade, e ainda grátis, foi algo inusitado. Vi que havia uma webcam ligada, e quase telefonei ao Brasil para que me vissem. O problema é que o fuso horário indicava uma diferença de quatro horas, ou seja, estava tomando vinho às nove da manhã quando o Brasil ainda vivia sua madrugada. Deixei pra lá.
Por um bom tempo, cantei sozinho algumas das cantigas infantis que vinham à minha cabeça: "_ Jumento não é, jumento não é... o grande malandro da praça. Trabalha, trabalha de graça. Não agrada ninguém, nem nome não tem. É manso e não faz pirraça. Mas quando a carcaça ameaça rachar, que coices, que coices, que coices que dá... Ih Hóóó!". Essa, por exemplo, aprendi com minhas filhas na trilha sonora de Saltimbancos de Chico Buarque.
Antes de chegar a Los Arcos, havia uma passagem por um terreno plano e silencioso, onde preferi caminhar em silêncio para ouvir melhor o cantar dos pássaros. Embora anestesiado pela sensação de silêncio, dei uma parada solitária e, sentado num monte de feno, pude saborear umas bolachas (galletas) com água fresca. Que sabor!
Hoje, conheci uma peregrina que irá caminhar uns dias conosco. Seu nome é Glória, de Barcelona, e já fez o Caminho há alguns anos atrás com meu amigo Francisco.
Este longo dia terminou com uma missa em um convento, que incluiu a benção do peregrino com direito à oração, também em português, para os portugueses e brasileiros.
Sem dúvida, um dia de ouro para fechar o trecho pela região de Navarra. E agora, chegou a hora de conhecer "La Rioja".
Quem aceita um vinhozinho nacional com um bom "jamón ibérico"?
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ESSA MÚSICA DO CD DOS SALTIMBANCOS FOI DEMAIS, MINHAS FILHAS TAMBÉM ADORAM. ABRAÇOS
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