sábado, 23 de janeiro de 2010

9. Rumo a Estella



Pé na estrada logo cedo, ainda com botas, mas com tendões inflamados e inchados. Já caminhei um bocado por aí, mas nunca os tinha visto desse jeito.
A sensação quando a parte de traz interna da bota tocava neles era de dor aguda. Era como se a pele houvesse sido cortada, mas felizmente era somente uma sensação.
Saí por último, e logo de início percebi que havia errado o caminho. Talvez depois de uma última visão, ainda um pouco hipnotizado pela beleza da ”Puente la Reina”, tenha perdido a noção das coisas e o próprio rumo.
Fui bem devagar, e mesmo assim alcancei o jovem casal português. E Francisco também apareceu e pareceu estar vindo, solidariamente, me resgatar.
Andamos a manhã toda passando por pontes romanas, igrejas, e “eremitas”. Fica até trivial falar de monumentos tão antigos. O Caminho hoje entrou um pouco por desvios devido a obras nas estradas, aqui chamadas de “carreteras”. Confesso que estava meio sem graça, pois minha máquina fotográfica apresentou um defeito e não ainda não havia conseguido consertá-la.
O almoço foi completo. E escolhemos um restaurante à beira de estrada totalmente ocupado por caminhoneiros. E que almoço! Simples, mas de-li-ci-o-so, embora considerando que estivéssemos famintos pelo desgaste da manhã.
Uma garrafa de vinho foi pequena para duas pessoas.
A Espanha tem decididamente um vinho excelente, e isso independe da região, conforme pude constatar. Nesses últimos dias tenho tomado vinho de Navarra. Imagine então os vinhos da Rioja que me esperam logo à frente!
Conversamos bastante, eu, Francisco, Isabel, Guilhermo, Madalena, e seu esposo que tem a profissão de Motorista oficial da prefeita da cidade de Cádiz. Todos poderiam ser definidos simplesmente como gente muito boa.
O povo espanhol tem sido muito simpático todo o tempo. Chegamos a Estella, e hoje resolvi me dar um presente, só pra variar. Me hospedei em um Hostal com banheiro (ducha) e um quarto silencioso, sem roncos (espero nem mesmo os meus), pois afinal eu mereço; e amanhã terei que estar bem pra ir em direção a Los Arcos, agora já com máquina fotográfica funcionando. Não consegui consertar a minha e então, tive que comprar uma nova. Ficar sem fotografar tudo isso que estou vivendo, eu não poderia de modo algum.
Sacar fotografias e poder congelar o olhar para as belezas de tudo que estou tendo o privilégio de ver, tudo isso é pura empolgação!

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